01 dez Brasilienses relatam experiências após 15 dias de TV digital
Desligado há cerca de 15 dias, a transmissão analógica no Distrito Federal agradou a muitos brasilienses. Brasília foi a primeira capital do País a desligar o sinal e permanecer apenas com a TV digital.
Apesar do número satisfatório, 75 mil kits para distribuição, segundo comunicado da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) ainda estavam disponíveis para serem retirados. Famílias beneficiárias dos programas sociais do Governo têm direito a retirar o equipamento gratuitamente, com conversor, cabos e antenas.
Dona de casa, Clarice Oliveira, 56, recebeu o conversor por meio da Bolsa Família. A moradora de Samambaia, região administrativa que fica a 31 km do centro de Brasília, comemorou a ajuda. “Fiquei muito feliz quando assisti pela TV o anúncio de que íamos receber a ajuda. Ganho R$ 92 e não iria conseguir tirar do próprio bolso o dinheiro para pagar o conversor”.
Na casa de Clarice moram seis pessoas: os três filhos, marido e a mãe. Todos aprovaram a troca do analógico para o digital. “Agora, a imagem fica mais limpinha, com mais qualidade, né? Dá uma sensação de realidade a mais. Fora que depois da mudança, novos canais na TV aberta apareceram. Aprovamos a mudança”, diz a dona de casa.
O especialista em TV digital, Alexandre Kieling, 55, acredita que com a mudança, o Brasil dá o primeiro passo para o futuro. Segundo o professor da Universidade Católica de Brasília, a TV passa a funcionar na mesma lógica dos computadores e, portanto, passa a integrar uma grande “ambiência midiática”, ou seja, de um complexo sistema de produção, circulação e consumo de conteúdo audiovisual.
“É fato que se trata de um ambiente no qual a infraestrutura de transmissão terrestre é mais cara e que exige uma capacidade de dinheiro importante para sua plena implantação. Por outro lado, trata-se de um serviço gratuito e que é a única forma de acesso aos bens culturais – entretenimento e informação – para mais da metade da população brasileira”, explicou Kieling.
O mecânico Ronie Von Pereira, 40, conta que gastou R$ 70 para comprar um conversor para a TV da casa onde mora, em Sobradinho. Viciado em futebol e jornais, ele confessa que não hesitou em adquirir o aparelho quando recebeu a notícia do desligamento do sinal analógico. “Só de pensar em ficar sem assistir à televisão, já entrava em pânico. Apesar de ter TV a cabo, gosto muito de assistir aos canais abertos, principalmente aquele jogo de domingo”, explica.
Próximas regiões
A segunda região que terá o sinal analógico desligado vai ser São Paulo, em março de 2017. Logo em seguida virão Goiânia, Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador, entre outras. A expectativa é que a transição completa ocorra até 2023.